O BNDES E O BANCO PALMAS

 

O Banco Palmas quitou essa semana a última parcela do crédito que firmou com o BNDES. Tudo pago. Certinho!

Primeiro, destacar o ineditismo. Em 2010 o BNDES firmou contrato com o Instituto Palmas (um banco comunitário) no valor de 3 milhões para operações de credito junto a Rede Brasileira de Bancos Comunitários.

O contrato previa 3 (três) anos de carência e juros em torno de 0.8% a.m.

Dos 3 milhões, o BNDES repassou ao Palmas 1.7 milhão. Com esses 1.7 nós emprestamos 14 milhões.

 Foram 15.300 contratos para 5.607 empreendimentos da economia popular, distribuídos em 15 bancos comunitários. Isso mesmo, 1,7 se transformou em 14 milhões. Possível por conta da metodologia da moeda social, giro rápido e compra nas empresas locais. Calcula-se que cerca de mais de 3.000 postos de trabalho foram gerados, entre empregos formais e informais. Um dos empreendimentos apoiados com este recursos foi a confeitaria Bolo-Bolo, tema de matéria do ESTADÃO no último  24/11/2021 https://pme.estadao.com.br/noticias/geral,moedas-sociais-impulsionam-empreendedorismo-em-bairros-perifericos

 

Pelos 1.7 recebido, pagamos ao BNDES 2,4 milhões entre juros e amortização.

 

Qual as lições e aprendizados?

  • O BNDES é nosso! Precisamos colocá-lo a serviço dos pequenos, principalmente nessa retomada da economia. A operação com o Banco Palmas foi um sucesso. Necessário aperfeiçoá-la e avançar!
  • O modelo Bancos Comunitários/ Moedas Sociais potencializam os resultados da operação de crédito. Geramos dezenas de postos de trabalho nas classes D e E; empestamos muito mais do que recebemos e devolvemos todo o dinheiro do BNDES.
  • As taxas de juro, carência, indicadores de resultado, score de crédito e outras condições do contrato entre o BNDES e o Instituto Palmas merecem ser ajustadas e adaptadas a realidade das finanças sociais, para sua replicação.
  • O fato dos bancos comunitários e das moedas sociais estarem digitalizadas, operando através da plataforma E-dinheiro, ajudou a baratear o custo das operações de crédito o que garantiu que a carteira de crédito do Banco Palmas continuasse de pé mesmo pagando o BNDES.
  • Atravessamos uma crise gigantesca na pandemia. Chegamos a inadimplência de 15% . Mas nunca deixamos de emprestar para os empreendimentos locais, o que mitigou os efeitos econômicos da COVID nos territórios.

 

Claro que nem tudo foram flores. Foi necessária muita capacidade de negociação, readequação de contratos, cooperação entre o Instituto Palmas e o Instituto E-dinheiro Brasil e outros procedimentos. Mas a inovação vem exatamente da capacidade de trabalharmos em Rede criando arranjos locais para se chegar a excelência de resultados, gerando trabalho, distribuindo riqueza e melhorando a vida das pessoas.

 

Para escalonarmos essa operação, faz-se necessário a criação do modelo “BNDES Banco Comunitário”, imprescindível para facilitar os processos, massificarmos as operações de crédito do BNDES junto aos pequenos e micro empreendedores, focando na recuperação econômica inclusiva dos municípios.

“1 bilhão do BNDES para 1.000 bancos locais”: essa é bandeira para o futuro!

 

Fica os parabéns para os técnicos do Instituto Banco Palmas, Instituto E-dinheiro Brasil e BNDES que sempre se dedicaram para chegarmos até aqui.