Carta da 29ª Feira Internacional do Cooperativismo e da Economia Solidária
“Construindo a Sociedade do Bem Viver: Por uma Ética Planetária.”

 

Celebramos, em 2023, a 29ª edição da FEICOOP, em Santa Maria/RS – Brasil,
marcada por intenso processo de construção coletiva, onde fizeram parte
equipes de trabalho e da organização e participação de empreendimentos e
entidades de apoio da economia solidária e gestores públicos, oriundos de
diversos territórios, no Brasil e de diferentes países do mundo.
No contexto de insegurança alimentar que atinge 33 milhões de pessoas no
Brasil, reconhecemos que a abundante produção de alimentos tem origem na
agricultura familiar e camponesa.
Por isso, verificamos de forma nítida por meio
do livro “Conflitos no Campo (2022)” da Comissão Pastoral da Terra, que a
violência no campo impacta cotidianamente a vida da população, tanto no
campo, quanto na cidade, e exige estratégias coletivas da classe trabalhadora.
Frente a ofensiva do modo capitalista de produção, onde tudo vira mercadoria,
a competição é validada pela meritocracia, o conservadorismo, o negacionismo,
a intolerância, o racismo, a xenofobia, o machismo, discriminações e opressões
e as diferentes formas de violência, afetam diretamente o povo de periferia,
negros, negras e povos originários; onde as diferentes formas de discriminação
e opressão são tratadas como algo natural, nós afirmamos: isso não é natural e
precisa ser combatido! Sem terra, trabalho, educação e alimento, não há
democracia!
Assim, reforçamos que desde a sua gênese e desenvolvimento, a economia
solidária é mais do que se vê e do que se vende. Conforme nos inspira o Papa
Francisco: “É possível mudar, transformar uma economia que mata numa
economia da vida”. A essência da economia solidária compreende valores e
princípios de cooperação, autogestão, trabalho coletivo, respeito às
diversidades e construção da democracia a partir do trabalho inserido nos
territórios. Daí a importância do permanente processo formativo crítico,
territorialmente centrado, eticamente comprometido e socialmente responsável
na construção e realização da FEICOOP.
Carta da 29ª Feira Internacional do Cooperativismo
e da Economia Solidária
“Construindo a Sociedade do Bem Viver: Por uma Ética
Planetária.”
Frente a ofensiva do modo capitalista de produção, onde tudo vira mercadoria, a
competição é validada pela meritocracia, o conservadorismo, o negacionismo, a
intolerância, o racismo, a xenofobia, o machismo, discriminações e opressões e
as diferentes formas de violência, afetam diretamente o povo de periferia,
negros, negras e povos originários; onde as diferentes formas de discriminação e
opressão são tratadas como algo natural, nós afirmamos: isso não é natural e
precisa ser combatido! Sem terra, trabalho, educação e alimento, não há
democracia!
Assim, reforçamos que desde a sua gênese e desenvolvimento, a economia
solidária é mais do que se vê e do que se vende. Conforme nos inspira o Papa
Francisco: “É possível mudar, transformar uma economia que mata numa
economia da vida”. A essência da economia solidária compreende valores e
princípios de cooperação, autogestão, trabalho coletivo, respeito às
diversidades e construção da democracia a partir do trabalho inserido nos
territórios. Daí a importância do permanente processo formativo crítico,
territorialmente centrado, eticamente comprometido e socialmente responsável
na construção e realização da FEICOOP.
A FEICOOP se constitui como experiência única de convivência e
compartilhamento de experiências, conhecimentos, saberes originários que
possibilitam a integração entre campo e cidade. Esta edição da FEICOOP foi
marcada pela unidade e direção política dos movimentos e organizações sociais
do campo popular, a partir de atividades conjuntas entre entidades e
organizações voltadas para o fortalecimento e constituição do trabalho em
redes de trocas, produção, comercialização e consumo responsável,
envolvendo o espaço urbano e rural. Destacamos nesse processo as atividades
dos movimentos sociais do campo, do Levante Popular da Juventude, da
segurança alimentar, dos movimentos e organizações do povo negro, no
contexto do Julho das Pretas e dos coletivos indígenas, em especial das
mulheres indígenas; atividades voltadas à educação popular e para as relações
étnico-raciais; o Festival de Arte e Cultura Afro-latina; a Teia dos Povos;
Seminário Nacional Moedas Sociais e Gestão Pública e mais de 80 atividades
registradas que reuniram trabalhadoras e trabalhadores de diferentes áreas,
agricultoras e agricultores familiares, agroindústrias familiares, artistas, produção
orgânica, medicamentos fitoterápicos e de cuidados com a saúde mental e
corporal, artesanato, confecção, alimentação, trabalhos com plantas
ornamentais, entre outros. Celebramos os 20 anos do Fórum Brasileiro de
Economia Solidária e 45 anos do Movimento Negro Unificado.
Implantar urgentemente, em âmbito nacional, um Sistema de Finanças
Solidárias com fundo e regulação própria, garantindo ambiente
institucional para o seu desenvolvimento e tendo como principal objetivo a
dinamização das economias nos territórios.
Construir estratégias para o fortalecimento das finanças solidárias
articuladas em redes que englobam as modalidades: Bancos Comunitários
de Desenvolvimento, Cooperativas de Crédito Solidário e Fundos Rotativos
Solidários.
Implantar e continuar o uso da moeda social FEICOOP.
Incidir pela implantação de um Sistema Nacional de Economia Solidária;
pela aprovação da FEICOOP no calendário oficial nacional de Feiras.
Pelo reconhecimento de Santa Maria/RS-Brasil como capital da economia
solidária.
Pela imediata retomada do Conselho Nacional de Economia Solidária.
Criar estratégias para o enfrentamento do facismo, do conservadorismo e
das diferentes formas de exploração, opressão e dominação da classe
trabalhadora.
Fortalecer a educação popular e solidária, crítica, política, contextualizada,
transformadora e comprometida com a construção da justiça social.
Incidir em investimentos de natureza cultural, histórica, simbólica pela
garantia de valores e princípios da economia solidária, prezando pelo
trabalho coletivo, pelo respeito e valorização da diversidade, pela
educação popular;
pelo fortalecimento da economia solidária como política pública, com
investimento estatal e participação popular.
Fortalecer a educação pública, com investimento público, intensificando a
luta pela revogação do Novo Ensino Médio e pela garantia e ampliação de
políticas de ações afirmativas no ensino superior. A juventude quer viver!
Esta edição da FEICOOP envolveu cerca de 600 inscrições de expositores, 150
mil pessoas participantes, 3 continentes, 8 países (Argentina, Bolívia, Brasil,
Equador, Hungria, Uruguai, Venezuela e Taiwan), 27 estados do Brasil e Distrito
Federal. A programação contou, nos três dias de Feira, com exposição,
comercialização, consumo, finanças solidárias, seminários e atividades
culturais. Considerando o conjunto de debates, encaminhamentos e
posicionamentos construídos coletivamente, firmamos os seguintes
compromissos:
Construir estratégias voltadas à implantação de um Campus do
Instituto Federal Farroupilha que, em sinergia com a Universidade
Federal de Santa Maria, atue para dar suporte à criação e
desenvolvimento de cooperativas e empreendimentos de economia
solidária, em consonância com três vetores principais: a) políticas de
reforma agrária e de segurança alimentar e nutricional sustentável; b)
quarta revolução industrial, considerando o uso consciente e
responsável da tecnologia de ponta a serviço da vida e da
sustentabilidade ambiental; c) a potência da arte e da cultura
brasileira.
Resgatar os 30 anos de FEICOOP, com publicação em uma revista da
Feira que integre registros e depoimentos históricos de pessoas,
grupos e organizações que vêm construindo a FEICOOP ao longo
desses 30 anos.
Seguindo o desafio de Dom Ivo Lorscheiter: “Eu desejaria, olhando o
futuro, que a nossa região de Santa Maria, que é relativamente pobre, fosse
mais intensamente ajudada com atitudes de esperança. Nós não queremos
ver pessoas desanimadas, não queremos iludir ninguém, não queremos
criar falsas expectativas, mas esperança verdadeira”, conjungando o verbo
esperançar, conclamamos o Brasil e o mundo para juntas e juntos, no
período de 12 a 14 de julho de 2024, celebrarmos os 30 anos da FEICOOP,
formando um grande mutirão na construção do IV Fórum Social e Feira
Mundial de Economia Solidária, a ser realizado em 2026.
Saímos fortalecidas e fortalecidos com tudo o que a FEICOOP nos brindou
nesta 29a Edição e firmamos o compromisso com a construção de
iniciativas em rede, com o protagonismo da organização popular e em
defesa da democracia em todas as esferas de organização da vida
coletiva.
Santa Maria/RS-Brasil, 09 de julho de 2023